Ingênua.

Existia uma menina que vivia em um mundo onde as núvens eram realmente de algodão, onde os sonhos se tornavam realidade e onde o sol era realmente bonito. Boba menina, vivia em um mundo criado por ela mesma, um mundo doce e meio, onde só ela vivia. Existia também um menino, porém ele vivia em um mundo onde milhões de pessoas morrem por dia, onde o homem utiliza da mentira para subir na vida, roubar empregos, criatividade, roubar vidas. Um dia, essas crianças se encontraram. A menina, muito animada, contou cada detalhe do seu mundo, e das coisas lindas que nele haviam. O menino, esperto, usou termos do mundo da menina, para levá-la ao seu mundo. Ela foi, sem esperar que não teria volta. Foi triste, sim, muito triste, quando ela descobriu as mentiras e todo o cenário criado. Mas não tinha o que fazer, o menino já havia lhe roubado seu mundo, que ela cuidou e criou com tanto carinho, e que agora ficara distante demais. A menina não sabe viver nesse novo mundo que tem como nome "Realidade", ela não sabe lidar com as mentiras, tem um coração puro demais, bom demais. O menino? Ah, aquele menino levado! Não se sabe mais dele... Quem sabe ele hoje mora no mundo da menina, ou se perdeu no mundo da Realidade, ele simplesmente não manda notícias ou esqueceu-se da pobre menininha, que hoje vive a lamentar, por seu querido amigo que foi embora. Ingênua, estúpida e tola. Sim, ela deu seu coração ao primeiro menino que soube tratar ela como a menina que ela sempre foi. Sim, ela deu o seu coração ao único amigo que lhe pareceu ser transparente. Ela errou. Hoje ela não sabe de seu endereço, nem se ainda caminha por este mundo ou partiu para outros. Hoje ela não sabe por onde anda todo o amor sobre o qual ele lhe falou, hoje ela não sabe mais nada além de que espera por ele o tempo que for. Hoje o único lugar que ela sabe que ele sempre estará, é em seu pobre e fraco coração amargurado. Hoje a menina não é mais tão menina assim, mas apesar do novo corpo e novos pensamentos, graças ao menino continuará sendo a ingênua menina.